Muitas vezes para saber
o que está acontecendo com alguém basta que você a deixe falar. Como repórter
aprendi isso, segui como pai e, agora, com meia dúzia de netos com os quais
troco ideias e escuto suas experiências.
A última aconteceu neste dia de Rondon de 2017, quando
Letícia, 13 anos, comentou comigo que no colégio ela gosta de jogar futebol,
mas que ela e os colegas gritam muito.
E foram esses gritos que levaram uma professora a advertir
que qualquer dia moradores do prédio vizinho vão reclamar da barulheira (eu me
incomodaria se fosse choro ou gritos de brigas entre adultos).
Ela resolveu contar que gosta de jogar futebol, que muitas
vezes sai da quadra com as pernas doídas de tanta pancada, lembra que não quer
jogar no gol porque seu time vai perder de goleada.
A caminho da escola, conversando dentro do carro, Letícia
rememora a última partida, quando seu time, formado só por meninas, perdeu de 6
a 2 de outro só de meninos. Pergunto: “Se você não joga no gol onde é que joga”.
“Junto do gol”, ela diz e eu fico perguntando: “De gandula,
de zagueiro, de atacante?”. Finalmente ela explica: ‘Não sei. Eu sei que fico
chutando para a frente as bolas que vêm na direção do gol do meu time”.
Aí entendi: Ela joga de zagueira e nem sabe. Pelo menos não
faz como alguns zagueirões que jogam a bola é para seu próprio gol.
Lúcio Albuquerque é jornalista
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