Escassez de chuvas e inspirações, na minha tela, no borrão, não
frondam novos lirismos, não gotejam novas sensações orvalhadas; minha caneta e
dedos esperam inócuos por tempos de verdejantes reconsiderações. Olho pro céu
sem nuvens densas, lembro-me da previsão que disse que o tempo seria bom, mas
não, não é bom pro lavrador que corta a terra e joga no solo seus grãos de
esperança no alimento e na fartura. No torrão trabalhado só pinga o suor das rugas
tétricas da minha testa de barro. Só agora entendo, só agora percebo a quantas
duras esperanças esse povo é forjado, é forçado a não renegar sua confiança em
dias mais úmidos, é forçado a não delatar que a fé é a primeira que morre, mas
não perece eternamente pois é sabido da "sabiduria" do nordestino que
"dispois "de um ano ruim e findo a chuva voltará a alegrar a cara do
mais véi à do minino.
Mário Henrique
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