Foto: Dalinha Catunda
Era uma vez uma linda mangueira que sombreava um quintal, na
cidade de Ipueiras. Debaixo de sua copa espaçosa, brincavam crianças
aproveitando o frescor de sua sombra.
Todos os dias passarinhos de variadas espécies voavam de galho em galho misturando seus cantos. Os vizinhos se encantavam com a beleza da mangueira e a presença constante da passarada celebrando a natureza.
A dona da casa tinha um carinho todo especial por aquela árvore. Além da sombra, do canto dos pássaros, todos os anos entre novembro e dezembro, ela era premiada com saborosas mangas que ela mesma transformava em sucos, doces, geleias, além de saboreá-las ao natural. A pedido das crianças, ela também fazia, o dim-dim, um tipo de picolé, conhecido por sacolé, por ser congelado em pequenos sacos plásticos.
E assim viveu a bela mangueira por muitos e muitos anos e anos, até que certo dia, a ira de um velho e implicante vizinho, Incomodado com os galhos da árvore que caiam sobre seu muro deixando folhas secas pelo chão, teve a infeliz ideia de exterminar o pé de manga.
Aproveitando uma viagem da família que preservava a mangueira no quintal, não conformado em apenas podar os galhos que invadiam seu espaço, pulou o muro e abateu a machadadas a velha mangueira. No que restou da planta, jogou óleo queimado e em seguida ateou fogo dando fim ao vegetal.
Esta é a história de uma mangueira que durante muito tempo fez tanta gente feliz, contudo foi morta porque teve a desdita de nascer ao lado da casa de um velho intolerante e malvado que desafiou impunemente a lei de preservação da natureza.
NOTA:
A lei ainda não chegou em sua total plenitude em
Ipueiras - CE, apesar de ser minha cidade, vejo os desmandos que acontecem por
lá. O tempo do cangaço já passou, o coronelismo já se foi, mas muitos ainda
acham que podem ganhar no grito.
Dalinha Catunda é poetisa e natural de Ipueiras, Ceará
Dalinha Catunda é poetisa e natural de Ipueiras, Ceará
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